quarta-feira, 13 de março de 2013

Um sonho

Por muito que te rejeitasse, o desejo de continuar com o que tínhamos permanecia, eu via o brilho dos teus olhos, e quanto mais te empurrava, dizendo 'não, pára com isso!', todos os meus sentidos diziam que sim, eu contrariava, porque foi sempre o que de melhor soube fazer, contrariar sentimentos, contrariar desejos, contrariar-te..
A luta tornou-se difícil, dei por mim a deixar-me ir, sabia que me iria arrepender, mas o que interessava? O prazer de ter os teus lábios colados aos meus era cada vez maior, sentia os nossos corações cada vez mais acelerados, pensei que aquela fosse, talvez, a melhor de todas as vezes. Se calhar por sabermos que seria a última vez que estaríamos assim, despidos de pensamentos, de medos, longe dos olhares alheios.. Deixei simplesmente de conseguir controlar toda aquela chama que ia crescendo aos poucos. Por momentos perdi-me num mundo em que nunca tinha estado, um mundo que não era meu e eu sabia-o, perdi-me num corpo que nunca vira antes daquela forma, com aquela intensidade.
Talvez nunca nos tenhamos conhecido realmente, mas eu conhecia aquele sentimento.
É irónica a maneira como tudo se encaminhou, como entrámos em sintonia sem dizermos uma única palavra, algo inédito na verdade.. Por horas esqueci-me do mundo exterior, esqueci-me de tudo o que aprendi, esqueci-me de quem era e dos princípios que sempre tive. Se calhar perdi a noção de tudo, perdi-me de mim própria, estava finalmente a agir com o coração ao invés da cabeça, e achei isso tão verdadeiro quanto as mil sensações que iam passando por mim. Era diferente se tivesse sido sempre assim. A ideia de te ter longe da minha vida assombrava-me, assustava-me e tirava-me o sono durante noites seguidas. Mas agora, estávamos finalmente a ser nós próprios, e não queríamos saber do resto.
Suspirei, abri os olhos por curiosidade e vi que tinha acordado do mais longo sonho que alguma vez tive.

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